A negligência em dar conselhos completos e adequados é uma das fontes mais silenciosas e persistentes de males em nossa sociedade. Quando um profissional se limita a resolver apenas o problema imediato, ignorando questões correlatas que percebe; quando um gestor público implementa soluções superficiais que não abordam as causas profundas; quando pais se restringem a prover apenas o sustento material, esquivando-se do aconselhamento emocional; quando um técnico não alerta sobre riscos que antevê - em todas essas situações, plantamos as sementes de futuros sofrimentos.
Esta omissão do conselho cabal, frequentemente mascarada de "não se meter", "fazer só o que foi pedido" ou "manter-se nos limites da função", gera uma cascata de problemas evitáveis: obras que falham, projetos que fracassam, relacionamentos que se deterioram, recursos que se desperdiçam.
O comodismo em não oferecer a orientação completa que poderíamos dar torna-se, assim, uma forma de cumplicidade com o mal, mesmo que não intencional. Para combater este mal específico, propomos um exame de consciência focado no dever de aconselhar cabalmente, contemplando diferentes esferas da vida em sociedade.
Exame de Consciência sobre a Excelência Pessoal
Dever de Aconselhar
- Omiti informações importantes que poderiam beneficiar alguém, mesmo que além do solicitado?
- Deixei de alertar sobre problemas que percebi, mesmo não sendo minha responsabilidade direta?
- Limitei minha ajuda ao mínimo exigido quando poderia ter feito mais?
- Evitei compartilhar conhecimentos que poderiam ser úteis a outros?
- Deixei de sugerir soluções melhores por comodismo?
- Negligenciei oportunidades de prevenir problemas futuros que identifiquei?
- Conformei-me com soluções medianas quando sabia que existiam melhores alternativas?
- Deixei de orientar alguém sobre riscos que apenas eu percebi?
- Retive informações relevantes por não serem parte do meu trabalho específico?
- Mantive em sigilo conhecimentos que poderiam beneficiar a comunidade?
Dever Parental
- Limitei minha relação com os filhos apenas ao sustento material e à minha cômoda conveniência?
- Deixei de participar ativamente da vida emocional, escolar e social dos meus filhos?
- Dei presentes e dinheiro aos meus filhos para compensar minha falta de amor e atenção?
- Zombei dos erros dos meus filhos, sabendo que eles dependem totalmente do meu apoio e aprovação para construir seu caráter e auto estima? Compreendo que a humilhação vinda da parte dos pais, tanto particularmente como em público, é uma forma covarde de abuso parental que prejudica a formação do caráter deles? Zombei com "brincadeirinhas" que são formas dissimuladas do mesmo abuso?
- Expus meus filhos ao ridículo na frente de outras pessoas, ignorando que isso é uma violência contra quem depende de mim para se desenvolver?
- Negligenciei sinais de sofrimento emocional dos meus filhos?
- Deleguei completamente a educação afetiva a terceiros?
- Deixei de criar momentos significativos de convivência familiar?
- Priorizei trabalho e compromissos em detrimento da minha presença em família?
- Evitei conversas profundas sobre sentimentos e experiências?
- Deixei de cumprir cabalmente com meus deveres de pai por comodismo, deixando para meu conjugê tarefas e decisões de conselho?
Dever Profissional
- Contentei-me com padrões mínimos quando poderia ter feito melhor?
- Negligenciei a supervisão adequada de obras ou projetos?
- Deixei de considerar circunstâncias especiais que exigiam cuidados extras?
- Repeti procedimentos padrão sem avaliar riscos específicos?
- Ignorei fatores ambientais que poderiam afetar a segurança do meu projeto ou serviço?
- Deixei de fazer testes adicionais quando havia dúvidas?
- Economizei em aspectos cruciais para reduzir custos colocando em risco a vida humana ou a qualidade do serviço prestado?
- Desconsiderei o impacto de longo prazo das minhas decisões técnicas?
- Dei meu conselho de modo independente e baseado em princípios éticos e excelência profissional ou os subordinei a interesses indevidos?
Dever Público
- Priorizei interesses eleitorais acima do bem comum?
- Deixei de implementar melhorias por não renderem votos?
- Negligenciei problemas complexos por exigirem soluções impopulares?
- Posterguei decisões importantes para evitar desgaste político?
- Ignorei necessidades da comunidade que não trariam retorno político?
- Desperdicei recursos públicos em obras de baixo impacto social?
- Deixei de fiscalizar adequadamente contratos e serviços públicos?
- Evitei defender causas justas por medo de perder apoio político?
- Ignorei sugestões de melhorias por não querer assumir responsabilidades adicionais?
- Substituí soluções efetivas que deveria realizar por procedimentos burocráticos inúteis por comodismo?
- Cheguei a tornar todas as minhas funções como servidor público uma questão de reeleição?
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