Desprezo da Religião ou da Sabedoria é Pecado

DESPREZO DA RELIGIÃO E DESPREZO DA SABEDORIA

pecado, de modo geral, é compreendido como uma falha contra a razão, a verdade e a reta consciência, configurando-se como uma deficiência no verdadeiro amor a Deus e ao próximo, motivada por um apego desordenado a certos bens. Ele prejudica a natureza humana e ofende a solidariedade entre as pessoas, sendo essencialmente "uma palavra, um ato ou um desejo contrário à lei eterna". O pecado é, em sua raiz, uma ofensa a Deus, uma rebelião contra o Seu amor, na qual o indivíduo se escolhe em detrimento de Deus, buscando "ser como deuses" sem Ele ou em oposição a Ele. É, em última análise, "o amor de si mesmo até o desprezo de Deus". Trata-se de uma violação livre da ordem moral, que exige um ato voluntário, uma norma moral e uma oposição entre ambos.

desprezo da religião refere-se fundamentalmente a uma deficiência na virtude da religião. Este pecado implica oferecer culto indevido a quem não o merece, ou prestar culto a Deus de maneira inapropriada.

Formas Específicas e Consequências

As fontes descrevem formas específicas de desprezo pela religião:

  • Irreligião: É um vício que demonstra a ausência da virtude da religião. Abrange ações como tentar a Deus (exigir presunçosamente Sua intervenção ou um milagre), sacrilégio (profanação ou tratamento indigno de coisas sagradas) e simonia (compra ou venda de bens espirituais).
  • Superstição: Constitui um desvio do sentimento e das práticas religiosas, ou a atribuição de importância mágica a práticas que, em si mesmas, são legítimas ou necessárias, sem considerar as disposições internas exigidas.
  • Ações públicas: Incluem a blasfêmia (expressões de ódio, reprovação ou desafio a Deus), conspiração para derrubar os fundamentos da religião, adesão a ideologias ou ações que signifiquem uma rejeição pública da autoridade divina ou que promovam o ódio contra a Igreja.

As consequências desse desprezo são severas:

  • Minar os próprios fundamentos da mais santa Religião e da sociedade humana.
  • Enfraquecer ou destruir o único freio moral nas populações.
  • Conduzir a desordens morais e sociais.
  • Quando os governantes demonstram desprezo pela autoridade divina, as paixões tornam-se desenfreadas e ignoram a vontade.
  • Levar a blasfêmias, maldições e expressões de ódio contra Deus.
  • Resultar em penas canônicas, incluindo a excomunhão, especialmente em casos de apostasia, heresia ou cisma.
  • Implicar sempre uma falta de respeito e confiança para com Deus.

Mandamento e Virtude Ofendidos

O desprezo pela religião opõe-se diretamente ao Primeiro Mandamento: "Não terás outros deuses diante de Mim". Ele ofende a própria virtude da religião e pode também ser um pecado contra a virtude da fé.

Para evitar o desprezo pela religião, é fundamental:

  • Nutrir e guardar a própria fé com prudência e vigilância, rejeitando ativamente tudo o que a ela se opõe.
  • Evitar interações imprudentes com não-católicos em assuntos religiosos, como discussões despreparadas ou participação em outros serviços religiosos por mera curiosidade.
  • Não tentar a Deus, evitando exigir presunçosamente Sua intervenção ou milagres.
  • Não atribuir eficácia mágica a práticas ou sinais sagrados sem as devidas disposições internas.
  • Aderir com "assentimento religioso da mente" aos ensinamentos autênticos do Magistério da Igreja, pois estes oferecem uma compreensão mais profunda da Revelação e são vitais para preservar as verdades salvíficas.

Desprezo da Sabedoria e Correção

desprezo da sabedoria e correção abrange a rejeição da orientação intelectual e moral, bem como da autoridade legítima. Pode ser compreendido de diversas maneiras:

  • Em relação à sabedoria: Envolve a negligência em instruir-se sobre as verdades necessárias da fé, o que é considerado um pecado grave se voluntário. Manifesta-se também como uma recusa em reconhecer um critério objetivo de bem e mal.
  • Em relação à correção: É a rejeição da autoridade da Igreja e de seus ensinamentos, significando a falha em receber docilmente as instruções e diretivas dos pastores espirituais. Conecta-se também à desobediência a mandamentos legítimos de autoridades civis e religiosas. Além disso, inclui a obstinação ou teimosia no erro ou no pecado, especialmente após ser admoestado. As consequências desse desprezo são significativas:
  • Levar a graves erros de juízo e conduta moral.
  • Causar escândalo e perturbar gravemente a ordem social e moral.
  • Significar uma rejeição do plano amoroso de Deus.
  • Resultar na "escravidão do pecado".
  • Conduzir à divisão interna e à inclinação para o mal.
  • Minar a confiança entre as pessoas e romper o tecido das relações sociais.
  • Causar a perda da harmonia espiritual consigo mesmo, com os outros e com as coisas criadas.
  • A ignorância ou o erro persistente a esse respeito podem ser culpáveis.
  • Em casos de desafio público à Santa Sé ou aos Ordinários, pode resultar em interdito ou outras penalidades severas.
  • Em última análise, pode levar à condenação eterna.
  • Quando a vontade se rebela contra a ordem de Deus, as paixões tornam-se desenfreadas e incontroláveis.

Mandamento e Virtude Ofendidos

  • Em relação à sabedoria: Ofende a virtude da fé ao negligenciar verdades necessárias e a virtude da prudência ao falhar em discernir o verdadeiro bem.
  • Em relação à correção: Opõe-se diretamente à autoridade da Igreja e de seu Magistério. Também vai contra a obediência devida às autoridades civis em questões de lei justa. Pode, ainda, violar a virtude da caridade devido ao escândalo que causa.

Como Evitar

Para evitar o desprezo da sabedoria e da correção, é necessário:

  • Educar e iluminar a própria consciência para que seja reta e verdadeira, seguindo a razão e a sabedoria do Criador.
  • Buscar diligentemente a verdade e a bondade.
  • Aceitar e aderir aos ensinamentos autorizados da Igreja, incluindo o "assentimento religioso do intelecto e da vontade" às doutrinas propostas pelo Romano Pontífice ou pelo Colégio dos Bispos, mesmo que não proclamadas definitivamente.
  • Praticar a obediência à autoridade legítima, a menos que um comando seja contrário à lei divina ou natural.
  • Combater o orgulho e cultivar uma profunda humildade.
  • Engajar-se regularmente no exame de consciência, confissão frequente e comunhão.
  • Buscar orientação espiritual e fazer resoluções firmes de emenda.
  • Ser cauteloso quanto a uma "autonomia mal compreendida da consciência".
  • A prática da caridade ajuda a cobrir uma multidão de pecados.
  • oração é um meio essencial para receber o perdão e a orientação divina.


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