CONTRACONCEPÇÃO
A conraconcepção consiste na separação voluntária e artificial entre as duas dimensões do ato conjugal — a unitiva e a procriativa — por meio de ações que visam a união sexual sem a abertura à fecundidade. Essa intervenção frustra positivamente o processo natural de fecundação e é considerada moralmente inaceitável pela doutrina católica.
1. Definição e Natureza do Pecado
Anticoncepção é o uso deliberado de métodos ou dispositivos que impedem a geração de uma nova vida no ato sexual. Pode envolver:
- Métodos hormonais (como anticoncepcionais orais);
- Barreiras mecânicas (como preservativos);
- Dispositivos intrauterinos;
- Intervenções cirúrgicas (como esterilização);
- Condutas imorais no uso dos chamados métodos "naturais" com intenções contraceptivas.
Moralmente, caracteriza-se como uma negação da finalidade procriativa do ato sexual, reduzindo-o a mera satisfação afetiva ou prazerosa. Viola a lei natural e o sentido do amor conjugal, que deve ser total, fiel, fecundo e aberto à vida.
Consequências Negativas do Pecado
No plano pessoal e espiritual
- É um pecado grave por sua natureza (ex toto genere suo), que não admite leveza de matéria.
- Leva à perda da graça santificante, quando cometido com plena consciência e consentimento.
- Enfraquece a caridade e pode gerar outros pecados contra a vida, como o aborto ou a esterilidade provocada.
- Cria um obstáculo interior à confiança em Deus, tornando o casal fechado ao dom da vida.
No plano relacional e social
- Diminui a comunhão autêntica do casal, pois rompe o laço natural entre amor e geração.
- Pode causar dano físico ou psicológico aos envolvidos.
- Incentiva uma visão utilitarista da sexualidade, centrada no prazer.
- Alimenta a cultura do descarte e o medo dos filhos como fardo.
- Contribui para o abandono ou rejeição dos filhos, e para falhas graves na educação moral.
Mandamentos e Virtudes Ofendidas
Mandamentos
- Sexto Mandamento: "Não cometerás adultério": proíbe todos os atos contrários à castidade e à dignidade do amor conjugal.
- Nono Mandamento: "Não cobiçarás a mulher do próximo": proíbe os pecados internos contra a castidade.
Virtudes
- Castidade conjugal: exige que o ato sexual seja pleno em seu significado unitivo e procriativo.
- Caridade: o fechamento à vida nega a dimensão de entrega total e o dom.
- Confiança em Deus e na Providência: substituída por controle absoluto.
- Justiça: o direito do filho à vida é impedido desde a origem.
- Obediência à Lei Natural: a anticoncepção contradiz a ordem da criação estabelecida por Deus.
Como Evitar Este Pecado
Arrependimento e Propósito de Emenda
- Para receber a absolvição, é necessário arrependimento verdadeiro e um propósito sério de não mais cometer o pecado.
- A disposição deve ser firme e eficaz: não basta o desejo vago de melhorar, mas a decisão concreta de renunciar ao uso de anticoncepcionais.
Ruptura com a Ocasião Próxima de Pecado
- Há obrigação grave de remover, tanto quanto possível, as ocasiões próximas e contínuas de pecado.
- Em casos de persistência no uso de anticoncepcionais, o confessor pode adiar a absolvição até que haja sinal de ruptura com a prática.
Conhecimento e Promoção do Planejamento Natural
- A Igreja permite o espaçamento dos filhos, por motivos justos, usando os períodos naturais de infertilidade.
- Estes métodos são fundamentalmente distintos da anticoncepção, pois respeitam a estrutura moral do ato conjugal.
- O confessor deve:
- Conhecer os princípios morais e antropológicos dos métodos naturais;
- Ser capaz de orientar o casal a instituições sérias que os ensinem;
- Disponibilizar materiais simples e fiéis ao Magistério.
Educação e Formação Moral
- Promover uma educação sexual cristã, baseada no respeito ao corpo, no dom de si e na virtude da pureza.
- Evitar abordagens permissivas ou tecnicistas, que conduzem à permissividade ou ao erro moral.
Recurso à Graça e aos Sacramentos
- Cultivar uma vida espiritual profunda, com frequência aos sacramentos.
- Recorrer à Eucaristia como fonte de força.
- Praticar a oração conjugal, buscando a santidade do matrimônio.
Conclusão
A anticoncepção, embora amplamente difundida na cultura contemporânea, é um pecado grave que deturpa a verdade do amor conjugal e fecha o coração humano ao dom da vida. É necessário anunciar com coragem e caridade a beleza do desígnio de Deus para a sexualidade, encorajar o arrependimento sincero e sustentar os fiéis no caminho da castidade, da responsabilidade e da abertura à graça divina.
Comentários
Postar um comentário