Poligamia: Porque ela é Pecado?

Poligamia

A poligamia é intrinsecamente ilícita e constitui uma grave ofensa à dignidade do matrimônio, sendo contrária à lei moral e ao plano original de Deus para a humanidade.

Definição do Pecado

A poligamia, em sua essência, radicalmente se opõe à comunhão conjugal. Ela nega diretamente o plano original de Deus para a humanidade no que diz respeito ao matrimônio, pois é contrária à igual dignidade pessoal do homem e da mulher, os quais, no matrimônio, devem entregar-se um ao outro em um amor total, único e exclusivo.

Historicamente, embora a poligamia tenha sido praticada por patriarcas e reis e não tenha sido explicitamente rejeitada no Antigo Testamento — o que pode ser compreendido como uma certa tolerância devida à dureza de coração dos homens e para facilitar a multiplicação da raça humana — é fundamental reconhecer que esta prática não correspondia ao desígnio divino original. A definição geral de pecado como uma palavra, um ato ou um desejo contrário à lei eterna aplica-se plenamente à poligamia, que viola princípios divinos estabelecidos.

Natureza Teológica

A poligamia é teologicamente grave porque desfigura a essência do matrimônio, que é um sacramento da unidade, indissolubilidade e fidelidade. Ao introduzir a multiplicidade de cônjuges, ela contradiz a imagem da união de Cristo com a Igreja e a dignidade igual de homem e mulher, que se entregam totalmente um ao outro em um vínculo exclusivo.

Consequências Negativas

A poligamia acarreta várias consequências negativas significativas, impactando profundamente a vida conjugal e pessoal:

  • Obstáculo à União Conjugal: É um grave impedimento ao mútuo apego e à devoção recíproca que devem caracterizar a vida conjugal, fragmentando o amor e a atenção que deveriam ser exclusivos.
  • Impossibilidade de União Moral Plena: Torna impossível uma união moral plena, pois o cônjuge não pode entregar seu coração por inteiro a alguém que oferece apenas uma parte de suas afeições, gerando incompletude e insatisfação.
  • Destruição da Comunidade de Interesses: Impede uma completa comunidade de interesses entre os cônjuges, diluindo o foco e a partilha que são essenciais para o crescimento mútuo e a harmonia familiar.
  • Destruição do Simbolismo Sacramental: Destrói completamente o simbolismo sacramental do matrimônio para os cristãos. O matrimônio cristão é um sinal da união única e indissolúvel de Cristo com a Igreja, e a poligamia contradiz frontalmente essa verdade.
  • Obrigações de Justiça: Para um cristão que tenha sido polígamo antes da conversão ou do reconhecimento da ilicitude, há uma grave obrigação em justiça de honrar os compromissos assumidos com as ex-esposas e os filhos, garantindo seu sustento e bem-estar.

Mandamento ou Virtude Ofendida

A poligamia é uma grave ofensa contra a dignidade do matrimônio e fere diretamente:

  • O Sexto Mandamento ("Não Cometerás Adultério"): Este mandamento abrange amplamente os pecados contra a castidade e a santidade do matrimônio. A poligamia, ao violar a exclusividade e a unidade do vínculo conjugal, é uma afronta direta a este preceito, de forma análoga ao adultério.
  • A Unidade do Matrimônio e a Igual Dignidade de Homem e Mulher: A unidade do matrimônio é claramente confirmada pelo Senhor através da igual dignidade do homem e da mulher como pessoas, que deve ser reconhecida no amor mútuo e perfeito. A poligamia nega essa unidade e a igual dignidade, transformando os cônjuges em objetos.
  • A Lei Moral e o Plano Original de Deus para o Matrimônio: O desígnio divino para o matrimônio exige um amor total, único e exclusivo, de autodoação mútua. A poligamia viola intrinsecamente esta lei moral e o plano original do Criador.
  • A Fidelidade Inviolável: A poligamia atenta contra a fidelidade inviolável inerente ao amor conjugal. Este amor é concebido para ser definitivo, não "até novo aviso", exigindo exclusividade e permanência.

Como Evitar e Remediar

Para evitar a poligamia e outras ofensas semelhantes contra a dignidade do matrimônio, as fontes enfatizam um caminho de conversão, vigilância e prática das virtudes:

  • Abrir a Unidade e Indissolubilidade do Matrimônio: Reconhecer que o matrimônio é uma entrega mútua total e definitiva entre um único homem e uma única mulher, excluindo qualquer terceira pessoa. Compreender e viver essa verdade fundamental é essencial.
  • Cultivar a Castidade e o Domínio de Si: Isso envolve a prática da castidade, que modera o prazer sexual de acordo com a reta razão e seu propósito adequado. Também requer autodomínio e mortificação, juntamente com fervor no amor a Deus, para controlar os desejos e as inclinações desordenadas. A castidade permite a integração da sexualidade na pessoa, na unidade do corpo e do espírito.
  • Lutar contra Desejos e Pensamentos Desordenados: É crucial lutar séria e decisivamente contra os maus desejos, incluindo quaisquer pensamentos ou desejos lascivos que violem a exclusividade e a santidade do matrimônio, purificando o coração e a mente.
  • Evitar Ocasiões de Pecado: Os indivíduos devem tomar as precauções necessárias para evitar circunstâncias que possam levar a pecados graves contra a moral sexual e a dignidade do matrimônio. Este princípio se aplica amplamente a todos os pecados.
  • Buscar Reconciliação e Conversão: Se o pecado foi cometido, o retorno à comunhão com Deus através da conversão e do arrependimento é essencial. Isso envolve a dor pelos pecados cometidos (contrição) e um firme propósito de não pecar novamente no futuro, o que normalmente é alcançado por meio do Sacramento da Reconciliação.
  • Receber Educação Cristã Adequada: A educação deve enfatizar a santidade do matrimônio, seus fins primários (procriação e educação dos filhos) e secundários (amor e auxílio mútuo), e sua indissolubilidade. Isso prepara os indivíduos para uma vida de fidelidade e para rejeitar visões materialistas ou utilitaristas da vida conjugal. Os pais desempenham um papel primário nesta educação, sendo prudente evitar instrução sexual prematura ou excessivamente explícita que não leve em conta a fragilidade humana e a necessidade de uma formação integral.

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