BESTIALIDADE
A bestialidade constitui-se como a união sexual com animais, representando o grau mais baixo de degeneração sexual e uma grave perversão psicológica.Do ponto de vista teológico, a bestialidade configura-se como um pecado contra a natureza dentro da categoria da luxúria. Este ato ofende diretamente o Sexto Mandamento ("Não cometerás adultério"), que na tradição da Igreja abrange todo o espectro da sexualidade humana e ordena a prática da virtude da castidade.
A gravidade teológica deste pecado reside no fato de que ele perverte a finalidade intrínseca da sexualidade humana, que foi criada por Deus para expressar o amor conjugal e gerar nova vida dentro do matrimônio. Ao dirigir o impulso sexual para criaturas irracionais, o homem não apenas viola a ordem natural, mas também profana o dom divino da sexualidade.
Consequências Negativas
As consequências deste pecado manifestam-se em múltiplas dimensões da pessoa humana:Para o Indivíduo: A prática da bestialidade produz um obscurecimento do intelecto, resultando na dificuldade ou impossibilidade de perceber valores morais e espirituais. Esta cegueira espiritual alimenta um egoísmo crescente, nutrido pela busca constante do prazer desordenado. O indivíduo experimenta também um nojo progressivo pelos bens da alma, acompanhado pelo enfraquecimento da vontade. Esta deterioração pode evoluir para uma dependência sexual, configurando-se como uma patologia psicológica grave que escraviza a pessoa aos seus impulsos mais baixos.
Para a Relação com Deus: Em casos extremos, este pecado pode conduzir ao ódio contra Deus, precisamente porque Ele proíbe os prazeres desordenados. Esta aversão divina representa o ápice da degradação espiritual, onde a criatura se volta contra seu Criador por causa das restrições morais que Ele estabeleceu para o bem da humanidade.
Para a Dignidade Humana: A bestialidade atenta fundamentalmente contra a dignidade da pessoa humana, reduzindo-a a um nível inferior ao que Deus lhe destinou. Esta degradação não afeta apenas o indivíduo, mas constitui uma ofensa à própria imagem divina impressa no ser humano.
Virtudes Ofendidas
Este pecado ofende diretamente a virtude da castidade, que consiste na integração adequada da sexualidade dentro da pessoa, promovendo a unidade interior entre corpo e espírito. A castidade exige o aprendizado do autodomínio, que constitui uma pedagogia da liberdade humana.A bestialidade também viola a temperança, virtude cardeal que ordena os prazeres sensíveis segundo a razão e a fé. Sem o exercício da temperança, a pessoa torna-se escrava das paixões, perdendo sua liberdade fundamental e caminhando para a infelicidade.
Caminhos de Prevenção e Cura
Cultivo da Castidade e Autocontrole: A prevenção deste pecado exige o cultivo sistemático da castidade através do autodomínio. Este processo pedagógico envolve o aprendizado da autodisciplina, incluindo a disciplina dos sentimentos e da imaginação. A subjugação pelas paixões conduz inevitavelmente à infelicidade. Para aqueles no estado matrimonial, a castidade significa que o ato sexual deve ser realizado de modo a permitir a procriação e fomentar o amor conjugal e jamais deve ser realizado de outra forma.Purificação do Coração e da Mente: Sendo o coração a sede da personalidade moral, a luta contra a concupiscência carnal exige uma purificação do coração e a prática constante da temperança. Esta purificação envolve a pureza de intenção (visando o verdadeiro fim do homem) e a pureza do olhar (tanto externo quanto interno), recusando-se a deter-se em pensamentos impuros. É fundamental evitar a corrupção da imaginação e das emoções, fugindo de "conversas licenciosas, leituras sensuais, contemplação de nus, toques em si mesmo ou em outros, más companhias, flertes sensuais". Em contrapartida, deve-se cultivar um "clima de luminosidade, pureza, nobreza e candura".
Evitar Ocasiões de Pecado: A prudência cristã exige fugir ativamente das ocasiões perigosas como a ociosidade, melancolia, solidão, leituras inadequadas que excitam a fantasia e as paixões, espetáculos e diversões perigosas, más companhias, flertes e amizades particulares inadequadas. A reserva e a discrição física são essenciais, impedindo que o corpo seja explorado por curiosidade doentia e resistindo às solicitações da moda e ideologias dominantes que banalizam a sexualidade.
Dependência da Graça Divina: A castidade é um dom de Deus, uma graça e fruto do trabalho espiritual. A oração e a recepção frequente dos Sacramentos (especialmente a Confissão e a Comunhão) constituem meios essenciais para obter a graça divina, purificar o coração e resistir às tentações. Através da graça, a pessoa pode superar as inclinações para o mal e aderir ao bem, encontrando forças sobrenaturais para vencer as paixões desordenadas.
Prudência e Reflexão: O exercício do controle do intelecto e da vontade é fundamental para a prevenção. Deve-se desenvolver uma consciência boa e pura, iluminada pela fé verdadeira, refletindo sobre a natureza transitória dos bens terrenos. É essencial reconhecer que a capacidade de pecar é uma fraqueza, não uma perfeição, contrariando a mentalidade mundana que frequentemente apresenta a libertinagem como expressão de liberdade.
Conclusão
A bestialidade, como outros pecados contra a castidade, exige uma abordagem holística de disciplina espiritual, autoconhecimento, evitação prudente das tentações e profunda dependência da graça de Deus. Somente através desta integração de esforços humanos e auxílio divino é possível elevar a compreensão e prática da sexualidade humana em conformidade com a ordem divina.A esperança cristã reside na certeza de que, mesmo diante das mais graves desordens morais, a misericórdia de Deus e a eficácia dos Sacramentos podem restaurar a dignidade humana e reconduzir a pessoa ao caminho da santidade. A Igreja, como mãe e mestra, oferece os meios necessários para esta conversão, lembrando que nenhum pecado é maior que a infinita misericórdia divina.
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