IDOLATRIA
A idolatria, conforme as fontes, é um pecado que consiste em divinizar o que não é Deus, ou seja, prestar honra e veneração a uma criatura em lugar de Deus. Não se restringe apenas aos cultos pagãos, mas é uma tentação constante da fé. Isso pode incluir adorar ou dar prioridade a deuses, demônios, poder, prazer, raça, antepassados, o Estado ou o dinheiro. A idolatria é uma perversão do sentimento religioso inato do homem, onde o indivíduo "refere a qualquer coisa que não seja Deus a sua indestrutível noção de Deus". A idolatria pode ser formal, quando há intenção de adorar, ou material, quando ocorre sem essa intenção, mas por outras causas, como evitar a morte. A concupiscência, incluindo a da carne e dos olhos, e a cupidez, são descritas como tendo sua origem na idolatria. A Escritura, em alguns momentos, também aproxima o pecado do adultério, sugerindo uma infidelidade a Deus.
Consequências Negativas
As consequências negativas da idolatria, um pecado gravíssimo, são profundas e abrangentes:
- Destruição da Caridade e Perda da Graça Santificante: A idolatria é um pecado mortal que destrói a caridade no coração do homem, desviando-o de Deus e, consequentemente, leva à privação da graça santificante. Sem o arrependimento, isso resulta na morte eterna no inferno.
- Incompatibilidade com a Comunhão Divina: A idolatria nega o senhorio exclusivo de Deus, tornando-se incompatível com a comunhão com Ele.
- Dano à Natureza Humana e à Solidariedade: O pecado, em geral, fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana. A repetição de pecados gera vícios que obscurecem a consciência e corrompem a avaliação do bem e do mal. Cada pecado é uma diminuição do ser, um ataque à própria perfeição e felicidade.
- Dano à Sociedade e Propagação do Ateísmo: A busca desordenada por bens criados, como o dinheiro, leva à idolatria e contribui para a difusão do ateísmo, gerando conflitos e estruturas sociais injustas que degradam os costumes.
- Domínio do Diabo: O pecado, em geral, está ligado à influência do Diabo, que "adquiriu certa dominação sobre o homem". A idolatria, especialmente se busca obter algo do demônio, reforça essa conexão.
- Sofrimento e Morte: O pecado é a origem da miséria, da ignorância, da desordem e da morte. A fé cristã vê na doença e outras aflições um "caráter penal" resultante do pecado.
Mandamento ou Virtude Ofendida
O pecado de idolatria ofende diretamente:
- O Primeiro Mandamento: "O primeiro mandamento proíbe prestar honra a outros afora o único Senhor que se revelou a seu povo". Ele ordena que se alimente e guarde a fé em Deus e que se rejeite tudo o que se opõe a ela. A idolatria é uma das principais transgressões a este mandamento, pois tributa culto de adoração a criaturas.
- A Virtude da Religião: A religião é a virtude que nos obriga a certos atos que nos colocam em relação com Deus, como a devoção, oração, adoração e sacrifícios. A idolatria é uma forma de superstição, um excesso perverso na virtude da religião, pois desvia o sentimento religioso.
- A Virtude da Caridade: O amor a Deus acima de todas as coisas é o maior mandamento. A idolatria opõe-se a esta caridade, especialmente se provém de ódio a Deus.
- A Virtude da Fé: A idolatria é uma "tentação constante da fé" e nega o senhorio exclusivo de Deus, sendo, portanto, um pecado contra a fé.
- A Virtude da Prudência e da Temperança: A concupiscência e a cupidez, que as fontes associam à origem da idolatria, opõem-se à temperança (que modera a atração pelos prazeres) e à prudência (que discerne o verdadeiro bem). Ações que se tornam ídolos, como o prazer desordenado, são frutos da falta de temperança.
O Que Fazer Para Evitar Esse Pecado
Para evitar o pecado de idolatria e suas manifestações, as fontes recomendam uma série de atitudes e práticas:
- Formação e Retidão da Consciência:
- Deve-se formar uma consciência reta e verídica, seguindo a razão e a sabedoria do Criador, para discernir o bem e o mal.
- É preciso buscar um conhecimento aprofundado da Sagrada Escritura e da doutrina da Igreja.
- Deve-se receber com docilidade os ensinamentos e diretrizes dos Pastores e aderir ao Magistério da Igreja, que tem autoridade para definir a moral.
- Combate às Más Tendências e Vícios:
- É fundamental odiar o pecado e reprimir as inclinações perversas, lutando contra a "carne" (natureza corrompida inclinada ao mal).
- Deve-se renunciar a si mesmo, o que significa abandonar as "más inclinações da carne", incluindo o desejo de honras, prazeres e riquezas, que são fontes de idolatria.
- A luta contra a concupiscência exige a purificação do coração e a prática da temperança.
- Evitar adulação que encoraje ou confirme outros na malícia.
- Lutar contra a ira e a inveja, que geram maledicências e calúnias.
- Cultivo das Virtudes Teologais e Morais:
- Fé: Alimentar e guardar a fé, rejeitando tudo o que a ela se opõe.
- Esperança: Confiar na bondade divina e evitar a presunção e o desespero.
- Caridade: Amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo.
- Temperança: Moderar a atração pelos prazeres e buscar o equilíbrio no uso dos bens criados.
- Prudência: Discernir o verdadeiro bem e escolher os meios adequados para realizá-lo.
- Recurso aos Meios da Graça:
- Oração: É uma precaução necessária para evitar o pecado. Deve-se pedir perdão e a graça para resistir à tentação.
- Sacramento do Batismo: Embora não elimine as fraquezas da natureza, perdoa completamente o pecado original.
- Sacramento da Penitência (Confissão): Essencial para o perdão dos pecados graves cometidos após o Batismo.
- Eucaristia: A frequência na comunhão é um meio eficaz contra o vício e para o progresso espiritual.
- Ações Específicas:
- Fuga das Ocasiões de Pecado: Evitar circunstâncias, companhias, leituras, espetáculos ou divertimentos que possam levar ao pecado.
- Reparação de Danos: Se o pecado causou prejuízo, há um dever de reparação.
- Evitar a Cooperação no Mal: Não participar, ordenar, aconselhar, louvar, aprovar, nem proteger pecados alheios.
- Dominar as Paixões: A temperança é fundamental para o equilíbrio no uso dos bens criados.
- Aceitação da Cruz: Deve-se amar a "abjeção e o desprezo", a "sofrimento pela justiça" e toda "penitência".
Em resumo, evitar a idolatria exige uma conversão profunda do coração, focada no amor exclusivo a Deus, na renúncia a si mesmo e às inclinações desordenadas, e na prática contínua das virtudes cristãs, especialmente a caridade, a fé e a temperança, com o auxílio constante dos sacramentos e da oração, e a obediência aos ensinamentos da Igreja.
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