Covardia 2: Omissão Paterna


Covardia: O pai que abandona o filho

Introdução

Há quem pense que o maior ato de covardia é fugir de uma briga. Mas poucos males superam a brutal covardia de um homem que abandona seu próprio filho. Ele pode até vestir a fantasia da liberdade, da imaturidade, ou até de uma suposta injustiça que sofreu. Mas a verdade nua e crua é esta: todo pai que foge de sua responsabilidade diante de um filho está praticando um dos atos mais baixos e vergonhosos da vida humana.

Não importa se o abandono é físico, emocional, financeiro ou moral. A dor causada à criança, à mãe, à família e à sociedade é devastadora. É um mal que se disfarça de justificativas, mas que destrói o que há de mais sagrado: o elo entre pai e filho, que deveria ser imagem da paternidade divina.

E, em vez de assumir a culpa com arrependimento, muitos desses homens zombam, espalham mentiras sobre a mãe da criança, fogem do tribunal, não pagam pensão, desonram o nome da família — ou pior: tentam apagar as provas do crime. Sim, há quem mate para não pagar pensão, jogando o corpo aos cães, como se um ser humano fosse algo descartável. Diante disso, é nosso dever nomear o mal: isso é covardia, pecado e crime.

Quando o pai foge: Usando de Desculpas Para Cobrir Covardia

Há homens que abandonam seus filhos enquanto caminham para o bar mais próximo ou para a casa de outro relacionamento. E o fazem com frases decoradas: “não era o momento”, “ela quis ter sozinha”, “não tenho certeza se é meu”, “sou jovem demais”, “não tenho estrutura emocional”, “não vou viver essa prisão”. Palavras que tentam cobrir com verniz moderno o que é, na verdade, uma fuga canalha do que se prometeu a viver.

Outros fogem dos tribunais, levantam calúnias contra a mulher, insinuam traição, alegam pobreza. São os covardes que se recusam até a fazer teste de DNA, como se a negação pudesse apagar a realidade. Ao invés de honra, deixam rastros de covardia. Ao invés de legado, deixam uma criança ferida, marcada pela rejeição.

E essa rejeição paterna não é um detalhe. Ela abre feridas psíquicas e morais profundas. A criança cresce com medo de ser abandonada por todos. Torna-se insegura, busca amor a qualquer preço, e muitas vezes acaba em relacionamentos abusivos, drogas, violência ou depressão. E tudo isso porque um homem decidiu fugir do que era seu dever mais básico: amar e proteger seu filho.

A covardia que desfigura a masculinidade

Na raiz dessa covardia está um conceito distorcido de masculinidade. Muitos acham que ser homem é ter prazer, liberdade e força de modo egoísta, viver só pensando em si mesmo e mal sabem que estão apenas sendo conduzidos pelos hormônios, pela comodidade covarde e pela ignorância. Mas ser homem de verdade é ter honra, firmeza e sacrifício. É proteger, prover e ensinar com o exemplo. O verdadeiro homem não foge de suas obrigações, não abandona uma criança e não trata uma mulher como objeto descartável.

Abandonar um filho é rasgar o dever da paternidade, que vem de Deus e que é símbolo da própria paternidade divina. É zombar da confiança que a mulher depositou, é destruir o que foi gerado a dois. É transformar a mulher em mãe-solo e condenar a criança ao trauma. A sociedade tenta romantizar o “pai ausente”, mas a verdade é que ele é um traidor de sua missão, um covarde que escolheu a fuga em vez da fidelidade.

Quem não é capaz de criar o filho que gerou não deveria sequer se envolver em relações que podem gerar uma vida. É preciso restaurar o senso de responsabilidade. Não basta pagar pensão: é preciso estar presente, ouvir, cuidar, educar, corrigir, acolher. Nada menos que isso é digno.

As consequências Eternas da Covardia Paterna

Na vida presente, os frutos do abandono são devastadores: filhos revoltados, mães sobrecarregadas, famílias desestruturadas, avós tendo que substituir o papel dos pais ausentes na velhice. Mas há também consequências espirituais. “Se alguém não cuida dos seus, especialmente dos de sua casa, negou a fé e é pior que um infiel” (1Tm 5,8). Um pai ausente não é apenas um omisso: é um infiel diante da missão que Deus lhe confiou.

A covardia paterna será cobrada. Pode escapar da justiça dos homens, mas não da justiça divina. Cada lágrima daquela criança, cada dor da mãe, cada noite sem sono será lembrada diante do Juiz eterno. E então, nenhuma desculpa será suficiente.

Mas também é verdade que a graça de Deus pode restaurar. Há pais que se arrependem sinceramente, pedem perdão aos filhos, mudam de vida, lutam para ser presentes. A esses, Deus oferece misericórdia. Mas para que haja perdão, é preciso antes reconhecer a covardia, renunciar ao orgulho e reparar o dano causado com atitudes concretas.

A Ausência Paterna Mesmo Presente no Lar

Nem toda covardia paterna se dá com a fuga física, na ausência ou recusa de assumir o papel de pai. Há uma forma talvez mais comum e silenciosa: a omissão dentro de casa.

São pais que se recusam a educar, a corrigir, a proteger, a guiar moralmente seus filhos. Preferem deixar tudo nas costas da esposa — que, sozinha, se vê forçada a ser mãe, pai, educadora, enfermeira, cozinheira, organizadora de tudo e ainda emocionalmente disponível para todos.

Enquanto isso, eles se colocam como os “cansados” da casa, que “trabalham demais” e, por isso, acham-se no direito de esperar tudo pronto. Aqui vão algumas das formas mais comuns dessa covardia silenciosa:

  1. Esperar ser servido como uma criança, mesmo quando a esposa está visivelmente sobrecarregada;

  2. Fugir da responsabilidade de educar os filhos, delegando tudo à mãe como se ela fosse a única adulta responsável no lar;

  3. Fazer da mulher uma consolação para as frustrações do trabalho, esperando que ela esteja disponível sexualmente como prêmio por ele “cumprir seu dever” fora de casa; Nada nem ninguém deve ser usado como "consolação", isso é uma corrupção gravíssima de caráter e instrumentalização de uma pessoa que deveriam amar e cuidar.

  4. Tratar a esposa como empregada emocional, física e sexual, ao invés de parceira;

  5. Aparecer apenas quando os filhos são pequenos e "divertidos", e depois abandoná-los emocionalmente quando exigem presença, escuta e firmeza;

  6. Dizer que “deu o nome” como se isso fosse suficiente, e sumir na hora de exercer a autoridade moral e espiritual de um verdadeiro pai.

Essa mentalidade nojenta — que trata a esposa como escrava e os filhos como entretenimento temporário — é a essência da covardia masculina. Ser pai não é um rótulo social: é uma missão de alma, uma entrega diária, uma cruz assumida por amor. Quem foge disso, trai a própria vocação de homem.

Essa covardia gera traumas complexos: filhos que crescem sem limite, sem norte, sem autoestima, sem saber quem são porque os pais não estavam ali para animá-los, intruí-los elogiá-los. Não, eram objeto de desdém para que o pai se exaltasse a custa deles, eram preteridos, comparados com outros, tendo seus talentos negados porque ao pai só interessava a sua opinião e o seu "uso", ou "utilidade" da família. A omissão moral do pai hoje é o uso de drogas de amanhã.

E há ainda os que se comportam como filhos da própria esposa: exigem cuidado, mimo, roupa passada, comida pronta, sossego absoluto — enquanto a mulher tem que segurar o lar, os filhos e ainda cuidar da figura que deveria ser o exemplo da casa. Ele não é pai. É um fardo adulto que se recusa a amadurecer.

A ausência moral é tão grave quanto a física. E para essas crianças, cresce o vazio: o pai que estava ali na sala, mas não lhes dava atenção, não era pai de fato.

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