Em outras palavras, desde o nascimento, toda criança possui uma dependência emocional profunda dos pais, essencial para sua sobrevivência. Se essa criança é alvo de desdém, negligência, gritos ou maus-tratos, ou se não é ouvida e não recebe ferramentas para lidar com situações dolorosas, tende a acreditar que o problema está nela, e não na incapacidade ou negligência dos pais. Isso pode levar ao desenvolvimento de uma vergonha tóxica, que afeta negativamente a visão que a pessoa tem de si mesma, de seu valor, de seus objetivos e dos outros.
Para lidar com essas questões, é fundamental buscar o apoio de um especialista. A seguir, apresentamos algumas reflexões introdutórias sobre o tema a titulo de ilustrar a importância de conhecer e enfrentar essas questões, sejam elas nossas ou seja que estejamos na função de educadores. Lembre-se de que os males deste mundo são fruto tanto da adesão ao mal quanto de limitações não superadas, que podem nos levar a cometer erros.
O Que é Vergonha Tóxica?
- Crença profunda na inferioridade, inadequação ou defeitos pessoais.
- Gera sentimentos de separação, solidão, insignificância e inutilidade.
- É um entendimento errôneo que leva a questionar o valor e a dignidade pessoal de modo totalmente equivocado e infundado.
Sinais de Quem Luta com Vergonha
- Levar tudo para o lado pessoal: Interpretar declarações neutras ou ambíguas como ataques ao valor pessoal.
- Sentir-se invisível ou desvalorizado: Percepção de não ser importante ou apreciado pelos outros.
- Esforçar-se demais em relacionamentos:
- Acreditar que é necessário se esforçar excessivamente para provar ser digno de amor.
- Adotar comportamentos de agradar os outros e codependência para corresponder às expectativas.
- Medo de não ser digno de amor:
- Dificuldade em acreditar que é amável ou merece cuidado.
- Temor de ser visto como alguém usado ou digno apenas de pena.
- Excesso de preocupação com a opinião alheia:
- Preocupação constante com o que os outros pensam, sem evidências de julgamento negativo.
- Reanalisar interações sociais e buscar significados ocultos nas conversas.
- Crença de ser incapaz de ser amado:
- Convicção profunda de que não é amável e medo de não ser valorizado pelos outros.
- Dificuldade em imaginar que outros possam demonstrar cuidado genuíno.
- Medo de parecer tolo:
- Temor intenso de parecer ridículo ou inadequado.
- Evitar falar ou agir em certas situações para não ser julgado.
Outros Sinais de Vergonha
- Sentir-se como um estranho, inadequado ou com algo errado.
- Dificuldade em assumir responsabilidade, por medo de como isso se reflete no valor pessoal.
- Lutar para se desculpar, pois confirma falhas intrínsecas.
- Pedir desculpas em excesso e assumir responsabilidade excessiva.
Passos para Superar a Vergonha
- Reflexão Honesta:
- Identificar onde a vergonha aparece, sem autocrítica.
- Curiosidade ajuda a entender suas raízes.
- Separar Ações do Valor Pessoal:
- Reconhecer que as ações são distintas do seu valor humano que é inerente a todo ser humano, filho de Deus e que por isto sempre merece respeito independentemente de suas circunstâncias.
- Separar erros da identidade pessoal.
- Aprender a se Desculpar com Sinceridade:
- Pedir desculpas sem se identificar excessivamente com os erros.
- Reconhecer que errar é parte da experiência humana.
Reconhecendo a Vergonha no Corpo
- Sensações Físicas:
- Formigamento nas axilas, calor na cabeça, sensação de sobrecarga ou dissociação, coração acelerado.
- Identificar sensações corporais ajuda a reconhecer quando a vergonha é ativada.
- Curiosidade e Autocompreensão:
- Encarar a vergonha com curiosidade.
- Questionar por que ela surge e se realmente reflete o valor pessoal.
Origem de Crenças Negativas sobre Si Mesmo
- Crenças Aprendidas:
- Crenças negativas são adquiridas, não inatas.
- Desapegar dessas crenças ao identificar suas origens.
- Tratamento Intencional:
- Perceber, distanciar-se e contra-argumentar os pensamentos e as situações que disparam a vergonha.
- Praticar autocompaixão, gentileza e bondade para consigo mesmo evitando críticas ácidas da voz interna.
Desenvolvendo um Diálogo Interno Compassivo
- Despersonalizar Erros:
- Separar erros do valor ou identidade pessoal.
- Promover uma mentalidade mais saudável por meio de um diálogo interno compassivo.
- Escolha Consciente de Palavras:
- Usar uma linguagem precisa e compassiva em situações de vergonha.
- Cultivar Paciência e Bondade:
- Praticar paciência, gentileza e compreensão consigo mesmo.
Desafio: Sem Autocrítica
- Observar Pensamentos Negativos:
- Evitar pensamentos e palavras autocríticos.
- Observar a frequência e o impacto da autocrítica.
- Consciência e Pensamento Responsável:
- Reconhecer os pensamentos como construções mentais. Os pensamentos não são fatos em si, são formas de conhecimento que podem ou não ser verdadeiros. Dê um nome à sua voz crítica para ajudá-lo a se distinguir dela e portanto de sua "certeza" ou veracidade da crítica.
- Escolher ativamente pensamentos úteis alinhados aos próprios valores.
- Rezar, conhecer a si mesmo e a seus valores, desenvolver suas qualidades, tudo isso é meio de sair do loop de autocrítica da vergonha. Ter mais motivos de orgulho ajuda a sair da toxicidade da vergonha.
- Ser Gentil Consigo Mesmo:
- Seja gentil e compreensivo consigo.
- A gentileza é um antídoto para a vergonha e um elemento chave na cura.
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